domingo, 17 de maio de 2009

Novo Enem terá mais provas, raciocínio e segurança

Duas edições do Exame Nacional do Ensino Médio por ano. Prova “sem pegadinhas”. Teste com prioridade no raciocínio e na capacidade de interpretação do aluno. E reforço da Polícia Federal para garantir segurança na aplicação das provas. Essas são as principais novidades anunciadas, na noite dessa quarta-feira, pelo Ministério da Educação (MEC) para a nova versão do Enem, que deve substituir os tradicionais vestibulares nas universidades federais de todo o país. A primeira edição do exame, a ser aplicado em outubro, deve ser feita por mais de 5 milhões de candidatos brasileiros. A matriz de referência para a elaboração das 200 questões que vão compor o Enem deve ser divulgada, na tarde desta quinta-feira, pelo MEC. O documento, uma espécie de guia com as habilidades que serão exigidas no teste, foi aprovado pelos reitores da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em reunião nessa quarta, em Brasília. “É uma matriz de habilidades com conteúdos tradicionais do ensino médio. Não se está reinventando nada, até em respeito aos alunos que estão concluindo os estudos”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. De acordo com o ministro, o novo modelo de prova privilegia a capacidade de raciocínio e aplicação prática dos conteúdos, e não mais a decoreba. Em exemplo citado durante entrevista coletiva, Haddad explicou: “Se um aluno compreende um fenômeno da natureza e sabe do que se trata, mas esqueceu a fórmula que é geralmente decorada, ele vai conseguir chegar à resposta correta por outros meios. A ênfase deixa de ser a memorização para dar lugar à capacidade de compreensão dos fenômenos da natureza, ou da história, ou da geografia”. Em seguida, o ministro fez críticas aos vestibulares aplicados atualmente pelas instituições de ensino. “É inadmissível perguntar sobre data e o novo Enem não vai cobrar esse tipo de informação. Num momento de tensão extrema, o aluno pode não ter equilíbrio emocional para responder. O que é preciso saber é se ele compreende os processos históricos", acrescentou. Haddad ainda tranquilizou os estudantes que estão se preparando para as provas de fim de ano. “A expectativa é de que não haja impacto de curto prazo sobre os alunos que serão selecionados. Quem está preparado para um tipo de desafio (vestibular) está igualmente habilitado para o outro (o Enem)”. Haddad também confirmou a elaboração, pelo MEC, de um modelo de prova do novo Enem para ser divulgado antes do teste, em 3 e 4 de outubro. Serão questões que exemplifiquem as habilidades e competências a serem exigidas dos alunos. Ainda de acordo com o ministério, todas as perguntas da nova versão do Enem deve atender dois pressupostos. O primeiro é respeitar a matriz de habilidade aprovada na reunião de ontem e o segundo, ter nível de dificuldade padrão para que as questões possam ser reproduzidas ou reeditadas nos anos seguintes. E para dar conta da complexidade do novo teste, o ministro garantiu: “vamos precisar de mais de um exame por ano”. Segundo ele, depois da primeira edição, em outubro, uma nova prova deve ser aplicada em março ou abril de 2010. Para os testes do ano que vem, está confirmada a aplicação de provas de língua estrangeira (inglês e espanhol). SigiloO MEC também informou ontem que já pediu reforço de segurança à Polícia Federal para a aplicação do exame. A pasta enviou um ofício ao Ministério da Justiça pedindo mais agentes para garantir que não haja vazamento de informações. No ano passado, cerca de 3 mil homens da PF controlaram os serviços de transporte e aplicação das provas, mas o governo federal não informou em quanto o efetivo será reforçado. A prova de 200 questões será dividida nas áreas de ciências naturais e humanas, linguagens e matemática, além de uma redação. Segundo o modelo proposto pelo MEC, depois de receber o resultado do Enem, o aluno poderá listar até cinco cursos, nas universidades federais de sua preferência (também limitado a cinco) e concorrer com os demais candidatos do país. A nota de corte dos cursos será determinada por essa concorrência entre os estudantes. Ou seja, se mais alunos com notas altas concorrerem a um determinado curso, a nota de corte será mais alta. E o estudante poderá mudar suas opções até o penúltimo dia do anúncio do resultado pela instituição. Como têm autonomia, as 55 universidades federais do país devem decidir, até o dia 20, se adotam ou não a proposta do MEC para substituir os tradicionais vestibulares pelo Enem. Em Minas, 10 das 11 instituições de ensino vão usar, mesmo que parcialmente, a nova versão do exame como critério para ingresso dos alunos ainda este ano. Apenas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não aderiu à proposta do governo federal. No Brasil, das 55 universidades federais, 25 deram sinal positivo até o momento. JustiçaEm Recife, a substituição do vestibular pelo Enem na Universidade Federal de Pernambuco e na Universidade Federal Rural foi parar na Justiça. O Partido Democratas (DEM) entrou com um mandado de segurança coletivo na Justiça Federal para que o novo exame só passe a ser aplicado em 2010. Os conselhos universitários das instituições já haviam anunciado que usariam o Enem ainda este ano. Ontem, a juíza da 21ª Vara da Justiça Federal, Poliana Falcão Brito, intimou os reitores das duas universidades a prestar esclarecimentos.

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