domingo, 10 de maio de 2009

FEIRA HIPPIE DE BH COMPLETA 4O ANOS


Nos dias em que ela dá o ar da graça, o trânsito é interrompido em uma das maiores avenidas da cidade, e ninguém reclama. Também pudera. Quem chega pela Rua da Bahia encontra sabores e artes variadas e sente cheiros deliciosos dos quitutes ali vendidos. Quem entra encara labirintos e corredores e se esbarra no desafio: atravessar a Feira de Artes e Artesanato da Avenida Afonso Pena, no Centro da capital, e não levar sequer uma coisinha, já que ali muitos objetos comercializados ainda são feitos à mão e a técnica, passada de geração em geração. Ela, que fez com que os domingos ganhassem mais vida na cidade, completa 40 anos em 2009 com muitas histórias e projetos futuros. Em comemoração a essas quatro décadas de um dos maiores pontos turísticos de BH, ontem, expositores se reuniram no I Fórum da Feira Hippie para refletir sobre a evolução da feira nesse tempo todo, o que deveria mudar e o que deve permanecer. “A ideia foi promover uma discussão para pensarmos um pouco sobre a magnitude da feira”, diz o coordenador da Associação dos Expositores da Feira de Arte e Artesanato e Variedades da Avenida Afonso Pena, Alan Vinícius Jorge, que aponta a alteração do layout como a principal bandeira levantada pelos trabalhadores. “Nossas barracas ainda são antigas. Por isso, nosso projeto é criar aquelas que têm quatro blocos e com sistema de calhas, para que, quando chover, nosso cliente não se molhe tanto. Além disso, como já estamos discutindo há algum tempo, queremos, diferentemente do que está sendo proposto pela prefeitura, manter os colegas artistas plásticos na calçada”, acrescenta. Alan, que também é artesão, diz que não há muito o que mudar. “A feira tem identidade e tradição. É interessante pensarmos que ela se mantém há tantos anos sem ao menos ter tido uma publicidade para isso. São 86 mil pessoas que passam pelos nossos corredores todo domingo, sendo que, destas, 6 mil são de outras cidades. É um fenômeno”, orgulha-se, destacando que são gerados 11 mil empregos diretos. “Somos 2,4 mil expositores. Muitas vezes, dentro da mesma barraca, há mães, filhos, que estão passando, de geração em geração, a arte artesanal.” Muitos cresceram nesse universo onde Minas é feita nos dedos. Alessandra Gonçalves dos Reis é uma delas. “Quando comecei a vender na feira, em 1988, estava com 18 anos. Depois disso, meus domingos nunca mais foram os mesmos. Acordo às 4h para arrumar a barraca e fazer as vendas. Volto para a casa no fim do dia satisfeita e ansiosa para o próximo fim de semana”, conta, dizendo que a relação com os clientes é um incentivo a mais. “As pessoas que compram viram nossos amigos, alguns até vão a nossa casa”, diverte-se, dizendo que a feira representa BH em todos os sentidos. “São roupas, brincos, quadros, comidas, bijuterias. Tem de tudo um pouco”. FUTURO E PASSADO Aos 40 anos, a feira quer se expandir. No lugar onde ocorreu o I Fórum da Feira Hippie, no Largo do Artesanato, na Avenida Cristiano Machado, 3.450, há, segundo Alan, o projeto de levar 160 expositores nas tardes de sábado para o espaço. “Vamos resolver sobre isso na próxima semana. A ideia é que os artistas, não só da Feira Hippie, possam vender aqui seus produtos e a cidade terá uma opção a mais de lazer”, antecipa. Em 1969, a Feira de Artes e Artesanato ocorria na Praça da Liberdade. Ela começou com um grupo de artistas plásticos e críticos de arte que se reuniram para expor e divulgar seus trabalhos e, em pouco tempo, o espaço se tornou um ponto de encontro para a população da capital. Na década de 70, o evento passou a ser conhecido como Feira Hippie, devido ao grande número de hippies que ali ficavam. “Foi um apelido carinhoso que os belo-horizontinos deram ao lugar. Um nome que ficou para sempre”, diz Alan. Com o tempo, a praça ficou pequena para tanta gente e, 1991, se mudou para a Avenida Afonso Pena. É considerada a maior feira a céu aberto da América Latina.

Nenhum comentário: