sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A primeira batalha juvenil de 2010 é o julgamento das cotas

Seria cômico se não fosse trágico, o pedido do Democratas ao Supremo Tribunal Federal solicitando mudanças na organização das audiências públicas que vão discutir o sistema de cotas nas universidades, antes da decisão derradeira do Judiciário.


Simplesmente argumentam que os reitores não são neutros e exigem ou mais pessoas contrárias às cotas ou mais tempos para os se opõem à medida. Querem, na verdade, arguindo uma falsa imparcialidade organizada pelo ministro Lewandovski, favorecer sua campanha contra a democratização do acesso ao ensino superior.

Também acusam o ministro da Secretaria da Igualdade Racial, Edson Santos, de ter convocado, por ofício, caravanas de vários estados para irem a Brasília fazer pressão a favor das cotas, quando houve sim uma convocação à sociedade para participar do debate. Expõe dessa forma seu ideal de democracia, na qual o marco regulatório da questão da promoção da igualdade racial deveria ser definido em portas fechadas. Ainda que fosse um chamado aos defensores dos cotistas, não seria nada de outro mundo, já que propor mecanismos para corrigir as imperfeições sócio-raciais da sociedade brasileira é uma das atribuições do ministro Edson, que tem toda a legitimidade e legalidade para se posicionar. Aliás, ter opinião é uma pré-condição - ou deveria ser - de qualquer homem público.

Nas três audiências as mesas serão compostas por reitores das universidades, pessoas contra e a favor da política, em pé de igualdade de representação e tempo.

Muitos editoriais e campanhas virão por aí. Esse é o momento de colocarmos um fim nessa questão em favor da construção de uma verdadeira democracia racial no Brasil e nisto a questão geracional, mais uma vez, é estratégica.

As organizações, movimentos e entidades da juventude negra, portanto, precisam "invadir" Brasília e pautar o Poder Público neste sentido.

Essa será a primeira grande batalha eleitoral com foco juvenil deste ano decisivo. Não podemos perdê-la, porque também é a primeira grande oportunidade de mostrar aos jovens desse país a diferença dos projetos para eles entre a esquerda e a direita.

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