Leitura obrigatória para discutir a questão educação, juventude e trabalho, é a reportagem de hoje, da Agência Brasil, Ensino médio: frequência cresce, mas não atrai novos alunos, que cobriu o seminário promovido ontem pelo Movimento Todos pela Educação e Instituto Unibanco. Números apresentados pelo IPEA, nessa oportunidade, revela que "a taxa da população de 15 a 17 anos matriculada no ensino médio têm crescido porque mais estudantes estão terminando o ensino fundamental na idade correta, mas a escola ainda não conseguiu atrair aquela população que desistiu de estudar, que hoje corresponde a 18%"; que 40% dos jovens que evadiram da escola dizem ter sido por falta de interesse e a taxa de conclusão desta etapa é de 50%, "ou seja, metade dos jovens que entram no ensino médio não se formam", segundo outros dados, agora apresentados pelo MEC.
Alternativas
Para Paes de Barros, do IPEA, " a desigualdade está muito por trás disso. Esses 18% não estão espalhados pelo país, mas localizados em áreas específicas. São jovens de famílias pobres, que vivem em áreas mais isoladas, parte disso na zona rural". À frente, ele avança positivamente em relação a algumas posições que o instituto tem defendido ao propor que "Se você tem uma escola totalmente com viés acadêmico, voltada para a universidade, você já tem 18% que sabem que não vão para a universidade, então para que ir para uma escola que vai ensinar um monte de coisas que ele não vai utilizar na vida dele?".
O diretor de Concepções e Orientações Curriculares do Ministério da Educação, Carlos Artexes, não acredita que incluir o ensino médio na obrigatoriedade do "ensino básico" resolve o dilema sem sanar o gargalo do interesse curricular, que nada tem a ver, a priori, com a forma como se ensina X ou Y.
Ou seja: o caminho é a profissionalização, no que assino embaixo da superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel: "o ensino médio é uma 'bomba-relógio' que pode comprometer o desenvolvimento econômico do país" e "Nós não estamos conseguindo fazer com que a nossa juventude tenha um passaporte mínimo para entrar no moderno mercado de trabalho".
Por essas e outras que José Serra está errado ao propor uma "bolsa-ensino técnico" para jovens de famílias atendidas pelo Bolsa Família, pois o desafio é manter o jovem de baixa renda no ensino médio, concluindo seus estudos sem trabalhar até, pelo menos, os 18 anos, mas, sem prejuízo da formação humanista, se preparar enquanto isso para disputar uma vaga decente no mundo do trabalho.
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